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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ENSINANDO O PADRE A REZAR A MISSA?


         Poderíamos dizer que é um vício dos progressistas, ou poderia ser um afrouxamento e/ou falta de fiscalização dos conservadores. A repetição de certas fórmulas exclusivas, como se vê na missa atualmente é uma forma de participação para os progressistas, e uma afronta ao mandamento da Instrução Geral do Missal Romano. Na Oração Eucarística, é que se encontram as principais “infrações” quanto à recitação da fórmula. Diz a Instrução Geral do Missal Romano:

10. Entre as partes que competem ao sacerdote ocupa o primeiro lugar a Oração eucarística, cume de toda a celebração. A seguir, vêm as orações, isto é, a oração do dia (coleta), a oração sobre as oferendas e a oração depois da Comunhão. O sacerdote, presidindo a comunidade como representante de Cristo, dirige a Deus estas orações em nome de todo o povo santo e de todos os circunstantes43. É com razão, portanto, que são chamadas "orações presidenciais".

11. Da mesma forma cabe ao sacerdote, no desempenho da função de presidente da assembleia, proferir certas admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta no Missal e a expresse em poucas palavras. Cabe ao Sacerdote presidente também moderar a palavra de Deus e dar a bênção final. Pode, além, disso, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia, após a saudação inicial e antes do ato penitencial, na liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida.

12. A natureza das partes "presidenciais" exige que sejam proferidas em voz alta e distinta e por todos atentamente escutadas44. Por isso, enquanto o sacerdote as profere, não haja outras orações nem cantos, e calem-se o órgão e qualquer outro instrumento.

13. Na verdade, o sacerdote, como presidente, reza em nome da Igreja e de toda a comunidade reunida e, por vezes, também somente em seu nome para cumprir o seu ministério com atenção e piedade. Estas orações, propostas antes da proclamação do Evangelho, na preparação das oferendas e antes e depois da Comunhão do sacerdote, são rezadas em silêncio. 1

         Como se lê na presumida citação acima, existem partes do antigo “Canon” (hoje conhecido como Oração Eucarística), que batem com esta afirmação. Os exemplos mais famosos de repetição começam na citação da fórmula da primeira elevação, a “Transubstanciação”: “Tomai Todos e Comei/Bebei, este é o Meu Corpo/Sangue, que será entregue por vós 2”. Muitos nem sabem que este momento é somente de recitação solene do sacerdote e, portanto, devemos fazer silêncio até a hora da fórmula “Eis o Mistério da Fé 3” quando nos levantamos e bendizemos o Cristo nas duas espécies consagradas. Sendo cientes de que a Consagração da Hóstia exige silêncio de alma e de coração, devemos estar contritos para este momento, embora não possamos negar que essas repetições, tais como as doutrina devocionais chegam a despertar um pouco a fé dos fieis.
         Mais adiante no Canon Missæ, a segunda fórmula que os fieis repetem é a segunda elevação após a Transubstanciação, a “Consagração”: “Por Cristo, Com Cristo e Em Cristo 4” (Per Ipsum, Et Cum Ipso, Et In Ipso). Esta parte da fórmula é para ser recitada pelo sacerdote e logo após é que o povo pode aclamar “Amém”. Os Bispos podem conferir em muitas cidades pequenas de gente fervorosa, que entre os fieis, não há um que não saiba as fórmulas do Missal, inclui-se aqui que nas cidades grandes, se conhece a mais popular, a Oração Eucarística II, que é mais recomendada e certamente a mais famosa de todas as 10 Orações Eucarísticas que constam no Missal Romano.
         Mas vamos retornar às fórmulas que o povo repete mais. Já no Rito da Comunhão, vemos mais uma vez a repetição “indevida” da fórmula “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos: Eu vos deixo a paz, Eu Vos Dou a Minha Paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima Vossa Igreja. Dai-lhe segundo o Vosso desejo, a paz e a unidade 5”. Esta fórmula não acha brecha ou exceção para ser repetida pelo povo e muito menos precisa correr em clima de extrema sacralidade, pois está sempre direcionada para o popular e aguardado “Abraço da Paz” que se realiza após o Pai Nosso.
         Já mais à frente, no “Eis o Cordeiro de Deus que tira o Pecado do Mundo (Ecce Agnus Dei) 6”, o povo repete mais uma vez indevidamente a terceira elevação da Hóstia consagrada, a “Apresentação do Cordeiro”, cuja primeira frase que compete apenas ao sacerdote, para só depois o povo aclamar “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada[...]” (Mt 8, 8) 6. O que chama a atenção é que hoje em dia, a terceira frase da fórmula quem está levando ao povo é o sacerdote. Diz o Missal Romano que o sacerdote deve rezar em silêncio a fórmula: “O corpo e o sangue de Cristo nos preparem para a vida eterna 7”, numa espécie de anagrama das duas fórmulas originais separadas que estão estampadas nas páginas do Missal.
         Como se vide, a Missa foi por muito tempo e ainda continua hoje um portal para o céu, porém é preciso que muitos conheçam a fundo a doutrina de sua Igreja. Hoje em dia, com a abertura do Ano da Fé pelo Papa Bento XVI, os católicos são chamados a estudar o CIC-Catecismo da Igreja Católica (1992) e os documentos do Magistério, também os do Concílio Vaticano II (1962-1965), magno evento que comemora 50 anos. Mas também não seria muito útil para o povo um estudo um pouco mais aprofundado sobre as mudanças na liturgia com a promulgação do atual Missal Romano instituído pelo Papa Paulo VI em 1969, em substituição ao Misale Romanum promulgado pelo Papa Pio V por volta de 1570, celebrando por ele o Rito Extraordinário da Santíssima Eucaristia, chamada de Missa Tridentina, que até 1971 ainda era celebrada no Brasil em Latim.
         Quantos não foram santificados pela Missa Tridentina e seu ambiente de Sacralidade permite uma interiorização mais profunda, ao dar espaço para os fieis rezarem um rosário ou um ofício em silêncio, enquanto o sacerdote confia a Eucaristia aos céus elevando-a e benzendo-a em sinal de Cruz pronunciando “Santi+ficas, Vivi+ficas, Bene+dices, et prestas nobis 8”. Muitas senhoras idosas hoje em dia ainda vão à missa como se estivessem esperando a missa em Latim, porém quase acostumadas à celebrar pela nova liturgia. O único defeito do Rito Extraordinário, é que ao contrário da Missa de Paulo VI, os fieis não têm tanta participação quanto gostariam e é mais fácil praticar o pecado da preguiça nos bancos da Igreja neste silêncio todo. Mas já um bom passo saber que por meio do Motu Proprio Summorum Pontificum 9, o Papa Bento XVI permitiu a volta do Rito Extraordinário para quem quiser rezá-lo. Bom para os fieis que ainda acreditam que a Igreja, em suas mais diversas manifestações, está sempre ligada à seu ponto de fé central, a Eucaristia. "Vale ressaltar que a Oração Eucarística faz duas importantes súplicas ao Pai para que envie Seu Espírito Santo: a primeira na "Consagração", e a segunda, para a comunidade, após a "Consagração". Esta súplica pela comunidade é feita para que seja fortalecida na caridade viva intensamente a comunhão." 10.


Pedro Augusto de Queiroz
Bacharelando do 6º Período de Ciências Sociais
        

Referências:

1 MISSAL ROMANO. Instrução Geral, nn. 10-13
2 Idem, Oração Eucarística II, p. 478
3 Idem, Ibidem, p. 479
4 Idem, Ibidem, p. 481
5 Idem, Rito da Comunhão, p. 501
6 Idem, ibidem, p. 503
7 Idem, ibidem, p. 503-504
8 Misale Romanum, Ritus servandus in celebratione Missæ, p. 71
9 RATZINGER, Joseph (Papa Bento XVI).  Carta Apostólica sob a forma de Motu Próprio "Summorum Pontificum" sobre o uso da Liturgia Romana anterior à reforma realizada em 1970. 2 ed, São Paulo: Paulinas, 2007.
10 TURRA, Frei Luiz.  Vamos Participar da Missa?. São Paulo: Paulinas, 2012, pp 84. 

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