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quarta-feira, 26 de junho de 2013

A TRINCA DE JUNHO

Pedro Augusto de Queiroz (1)

            Em viés de comemoração, o mês de junho se apresenta como o maior mês de comemorações religiosas. O mês de Santo Antônio, São João e São Pedro. Quanto aos três, todos possuem histórias distintas, porém hoje em dia, o sentido delas quase que mudou radicalmente. O dia de Santo Antônio, que era um frade taumaturgo, hoje popularmente só cura feridas de amor e une duas almas que desejam encontrar cada uma a sua metade. Muitos não compreendem mais a beleza que existiu por trás de uma figura emblemática como foi Antônio de Pádua. Vários filmes e livros estão aí para mostrar a real mensagem do santo de mais de 200 sermões, diga-se de passagem, começou como padre Agostiniano, mas sua primeira homilia (que o levou á prática) foi realizada por falta de um sacerdote no mosteiro franciscano ao qual se afiliou e seus sermões escritos correram os séculos até os nossos papas mais recentes. Ele ainda chegou a decorar a Bíblia inteira de cor.
            São João Batista, que frequentemente, para os menos entendidos, pode ser confundido com São João Evangelista (por ser o discípulo mais amado do Mestre, celebrado no fim de Dezembro pela Igreja), é celebrado como o santo do batismo, como o santo das festas juninas, e pouquíssimos sabem a real intenção do Pai Eterno em nos mandar tal exemplo seis meses antes de seu primo, Jesus Cristo. Da Vinci não pintou a “Virgem das Rochas” em vão, foi para mostrar a relação sempre presente que teve João em anunciar o salvador, tanto que os meninos João e Jesus estão um de frente ao outro, João ajoelhado e Cristo fazendo o sinal tradicional do ícone do “Pantocrátor” abençoando o primo precursor.
            A pintura, que de uns tempos para cá perdeu o centro da beleza religiosa e passou a ser alvo de especulações por causa da obra “O Código da Vinci” de Dan Brown, nunca escondeu o real sentido do anúncio de João. Este foi abençoado por Deus desde o ventre, assim como Sansão e Jó. Mas o que chama mais atenção hoje em dia é a disparidade de sua festa, ora tratada como Junina (derivada da Quadrille francesa), ora Joanina (celebrada em novenas - festa de padroeiro). Temos que decidir se vamos continuar misturando sagrado e profano por toda a eternidade.

            Já São Pedro, em sua história tradicional, Cristo o elege como seu representante e lhe entrega as chaves da Igreja (comumente entendidas como as chaves do portão Reino do Céu) em Mt 16, 18. Foi crucificado de cabeça para baixo num gesto de humildade para com o Mestre e influenciou junto com São Paulo a cabeça de mais de meia Europa e Ásia para a doutrina cristã. Por acharem que o fim estava próximo, não escreveram nada sobre Cristo até São João receber a visão do Apocalipse. Mas para tanto, foi confiada por São Pedro a missão a ele de organizar os textos aos seguidores das futuras gerações. Por isso que não tenho medo de dizer que São Pedro foi um dos muitos responsáveis pelas Bíblias que temos em casa hoje.

(1) Bacharelando do 7º Período de Ciências Sociais na UERN.