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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

EM DEFESA DOS CATÓLICOS SERENOS


Pedro Augusto de Queiroz
Bacharelando do 6º Período de Ciências Sociais/UERN



ENTUSIASMO. s.m. Ardor que impele a fazer algo; arrebatamento: entusiasmo patriótico, religioso. / Espécie de exaltação que anima um escritor, um artista: entusiasmo poético. / Grande demonstração de alegria: acolher com entusiasmo. / Admiração apaixonada, ardor, veemência: falar com entusiasmo de um autor. (FERREIRA, 2010, p. 294)


            Segundo o Dicionário Aurélio, entusiasmo significa um estado de espírito que leva a manifestar os mais variados tipos de sensações. Segundo pensamentos advindos de estudos pessoais, o Entusiasmo é o “Entrei na coisa e a coisa entrou em mim”. Quantos já não passaram por um momento de timidez em sua vida de católicos sem animação em sua vida? Pois é, isso tem dois nomes: 1- Tristeza de Espírito ou 2- Serenidade. Tem muito católico que não pula, não faz algazarra, não gosta de dançar, não entra em brincadeiras de grupo e não se derrama em lágrimas. Significa que não tem entusiasmo, qualidade da qual que muitos carismáticos abusam e querem transmiti-la aos outros sem se importar com quem quer que seja. Porém há alguns católicos de fé profunda que não se deixam levar pelo entusiasmo, alguns por acharem que isso não quer dizer Fé e sim lazer. Outros, por acharem que seu estado normal de espírito é o de recolhimento e recatadas ficam sentadas em seus lugares e perfeitamente acomodados enquanto muitos dançam, batem palmas, sorriem e cantam em voz alta. O católico que não se agita muito e nem se emociona muito também tem algo a dizer do seu lugar, mesmo que não passe de duas palavras: “Amém” e Aleluia”. Há quem diga, até mesmo dentro das comunidades carismáticas que quem não se anima não abre o coração ao Espírito Santo, porém muitos não compreendem que na sua vida cotidiana podem e erram igualmente aos que quem estavam tentando corrigir.
            Os dons do Espírito Santo, recebidos em Crisma ou em Efusão são os presentes que mais esperamos de um grupo de oração ou de um retiro espiritual. Porém, quando servos de grupos que por acharem que seu entusiasmo merece ser repassado, nem que seja por osmose, infligem ao fiel que não tem entusiasmo para celebrar, mas tem uma fé que pode até mesmo ser mais profunda do que os que se agitam, e este acaba entrando na dança à força, aí já passa a ser demais, ele não celebrará com uma mente preparada e sim com uma mente que o tempo todo será obrigada a celebrar daquele jeito, ele deixará de ser ele mesmo, passando a ser outra pessoa para os que o conhecem. Da mesma maneira que não se pode ensinar a um canhoto escrever com a mão direita, ou a um destro escrever com a mão esquerda, seu cérebro diante da nova faculdade mental tardia, entrará em colapso e ele terminará contraindo gagueira, doenças nervosas e outros malefícios, não se pode levar uma pessoa serena e quieta em seu canto a ser um cristão inteiramente alegre demais ou festivo demais.
            Os católicos serenos são aqueles que a vida não deu a eles gosto por manifestações de louvor com o corpo ou com a voz, ao mesmo tempo não celebram senão em seu lugar, na maior parte do tempo fechados e sisudos, mas também ao mesmo tempo receptivos e sérios. Já os católicos desanimados são os que um dia já pinotearam em celebrações diversas e hoje estão procurando motivos para celebrar como os irmãos entusiasmados. Eu me considero um cristão católico sereno, pois a vida nunca me deu motivos o suficiente para me alegrar com celebrações. Me considero uma pessoa, pelo menos de fé suficiente para acreditar que a Igreja de Cristo é a Católica Romana. Um dos mais recentes exemplos de coerção comigo ao entusiasmo alheio foi no último Retiro Renascer, promovido pela Comunidade Shalom. Ao contrário dos Retiros da Renovação Carismática, que deixam livres a quem se quiser se manifestar ou não, os servos que cruzaram meu caminho, sempre muito receptivos sempre estragavam parte de minha meditação ao sempre terem em mente por a + b que eu e que muitos outros, às vezes até mesmo debilitados deveríamos nos levantar e seguir os passos de Benito em cima do palco. Sempre chegava uma hora em que eu me cansava, e por isso me sentava. Aceitava até certo tempo por convicção, porém o que eu queria mesmo era continuar a ser quem eu era.
            Eu era sereno e nada poderia tirar isso de mim, nem mesmo dancinhas que para mim só duravam de 5 a 10 minutos. Não estou aqui colocando opinião pessoal contra os retiros, longe de mim, embora não negue que eu tenha ficado meio constrangido pela insistência com a qual fui coagido. “Em Defesa dos Serenos” faz um apelo aos entusiasmados, que eu entendo porque dançam, porque choram, porque correm de um lado para o outro do altar, porém vocês também deveriam entender que eu não posso me deixar levar por vocês só porque estou em território alheio. Minha fé se manifesta em silêncio e oração diretamente ligado ao Pai; e não em movimentos corporais e gesticulações, que às vezes para quem apenas segue a onda, nem chega a entender. Às vezes, aquele fiel sentado pode ser mais culto e bem mais preparado do que os que correm, a começar pelos celebrantes que se dispõem a celebrar em retiros e grupos de oração, tais como o Bispo e os sacerdotes serenos da localidade que mal ou pouco se deixam levar pelo calor das emoções. Portanto, deixem-nos ser quem somos, serenos, sentados, e pouco inclinados a demonstrações de alegria, visto que a maioria vai a retiros para fugir do “mau carnaval” presente no mundo exterior, mas que temos uma fé profunda e temos também algo a dizer, e como temos, s[ó não temos entusiasmo de nos mostrarmos em público.



Referências:

FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ª ed – Curitiba: Positivo, 2010