Pedro Augusto de Queiroz
Bacharelando do 6º Período de Ciências Sociais/UERN
ENTUSIASMO.
s.m. Ardor que impele a fazer algo; arrebatamento: entusiasmo patriótico,
religioso. / Espécie de exaltação que anima um escritor, um artista: entusiasmo
poético. / Grande demonstração de alegria: acolher com entusiasmo. / Admiração
apaixonada, ardor, veemência: falar com entusiasmo de um autor. (FERREIRA, 2010,
p. 294)
Segundo o Dicionário Aurélio,
entusiasmo significa um estado de espírito que leva a manifestar os mais
variados tipos de sensações. Segundo pensamentos advindos de estudos pessoais,
o Entusiasmo é o “Entrei na coisa e a coisa entrou em mim”. Quantos já não
passaram por um momento de timidez em sua vida de católicos sem animação em sua
vida? Pois é, isso tem dois nomes: 1- Tristeza de Espírito ou 2- Serenidade. Tem
muito católico que não pula, não faz algazarra, não gosta de dançar, não entra em
brincadeiras de grupo e não se derrama em lágrimas. Significa que não tem
entusiasmo, qualidade da qual que muitos carismáticos abusam e querem transmiti-la
aos outros sem se importar com quem quer que seja. Porém há alguns católicos de
fé profunda que não se deixam levar pelo entusiasmo, alguns por acharem que isso
não quer dizer Fé e sim lazer. Outros, por acharem que seu estado normal de
espírito é o de recolhimento e recatadas ficam sentadas em seus lugares e
perfeitamente acomodados enquanto muitos dançam, batem palmas, sorriem e cantam
em voz alta. O católico que não se agita muito e nem se emociona muito também tem
algo a dizer do seu lugar, mesmo que não passe de duas palavras: “Amém” e Aleluia”.
Há quem diga, até mesmo dentro das comunidades carismáticas que quem não se
anima não abre o coração ao Espírito Santo, porém muitos não compreendem que na
sua vida cotidiana podem e erram igualmente aos que quem estavam tentando corrigir.
Os dons do Espírito Santo, recebidos
em Crisma ou em Efusão são os presentes que mais esperamos de um grupo de
oração ou de um retiro espiritual. Porém, quando servos de grupos que por
acharem que seu entusiasmo merece ser repassado, nem que seja por osmose, infligem
ao fiel que não tem entusiasmo para celebrar, mas tem uma fé que pode até mesmo
ser mais profunda do que os que se agitam, e este acaba entrando na dança à
força, aí já passa a ser demais, ele não celebrará com uma mente preparada e
sim com uma mente que o tempo todo será obrigada a celebrar daquele jeito, ele
deixará de ser ele mesmo, passando a ser outra pessoa para os que o conhecem.
Da mesma maneira que não se pode ensinar a um canhoto escrever com a mão
direita, ou a um destro escrever com a mão esquerda, seu cérebro diante da nova
faculdade mental tardia, entrará em colapso e ele terminará contraindo
gagueira, doenças nervosas e outros malefícios, não se pode levar uma pessoa
serena e quieta em seu canto a ser um cristão inteiramente alegre demais ou
festivo demais.
Os católicos serenos são aqueles que
a vida não deu a eles gosto por manifestações de louvor com o corpo ou com a
voz, ao mesmo tempo não celebram senão em seu lugar, na maior parte do tempo fechados
e sisudos, mas também ao mesmo tempo receptivos e sérios. Já os católicos
desanimados são os que um dia já pinotearam em celebrações diversas e hoje
estão procurando motivos para celebrar como os irmãos entusiasmados. Eu me
considero um cristão católico sereno, pois a vida nunca me deu motivos o
suficiente para me alegrar com celebrações. Me considero uma pessoa, pelo menos
de fé suficiente para acreditar que a Igreja de Cristo é a Católica Romana. Um
dos mais recentes exemplos de coerção comigo ao entusiasmo alheio foi no último
Retiro Renascer, promovido pela Comunidade Shalom. Ao contrário dos Retiros da
Renovação Carismática, que deixam livres a quem se quiser se manifestar ou não,
os servos que cruzaram meu caminho, sempre muito receptivos sempre estragavam
parte de minha meditação ao sempre terem em mente por a + b que eu e que muitos
outros, às vezes até mesmo debilitados deveríamos nos levantar e seguir os passos
de Benito em cima do palco. Sempre chegava uma hora em que eu me cansava, e por
isso me sentava. Aceitava até certo tempo por convicção, porém o que eu queria
mesmo era continuar a ser quem eu era.
Eu era sereno e nada poderia tirar
isso de mim, nem mesmo dancinhas que para mim só duravam de 5 a 10 minutos. Não
estou aqui colocando opinião pessoal contra os retiros, longe de mim, embora
não negue que eu tenha ficado meio constrangido pela insistência com a qual fui
coagido. “Em Defesa dos Serenos” faz um apelo aos entusiasmados, que eu entendo
porque dançam, porque choram, porque correm de um lado para o outro do altar,
porém vocês também deveriam entender que eu não posso me deixar levar por vocês
só porque estou em território alheio. Minha fé se manifesta em silêncio e oração
diretamente ligado ao Pai; e não em movimentos corporais e gesticulações, que
às vezes para quem apenas segue a onda, nem chega a entender. Às vezes, aquele
fiel sentado pode ser mais culto e bem mais preparado do que os que correm, a
começar pelos celebrantes que se dispõem a celebrar em retiros e grupos de
oração, tais como o Bispo e os sacerdotes serenos da localidade que mal ou
pouco se deixam levar pelo calor das emoções. Portanto, deixem-nos ser quem
somos, serenos, sentados, e pouco inclinados a demonstrações de alegria, visto
que a maioria vai a retiros para fugir do “mau carnaval” presente no mundo exterior,
mas que temos uma fé profunda e temos também algo a dizer, e como temos, s[ó
não temos entusiasmo de nos mostrarmos em público.
Referências:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua
portuguesa. 8ª ed – Curitiba: Positivo, 2010
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