Pedro Augusto de Queiroz (1)
Em
viés de comemoração, o mês de junho se apresenta como o maior mês de
comemorações religiosas. O mês de Santo Antônio, São João e São Pedro. Quanto
aos três, todos possuem histórias distintas, porém hoje em dia, o sentido delas
quase que mudou radicalmente. O dia de Santo Antônio, que era um frade
taumaturgo, hoje popularmente só cura feridas de amor e une duas almas que
desejam encontrar cada uma a sua metade. Muitos não compreendem mais a beleza
que existiu por trás de uma figura emblemática como foi Antônio de Pádua.
Vários filmes e livros estão aí para mostrar a real mensagem do santo de mais de
200 sermões, diga-se de passagem, começou como padre Agostiniano, mas sua
primeira homilia (que o levou á prática) foi realizada por falta de um
sacerdote no mosteiro franciscano ao qual se afiliou e seus sermões escritos
correram os séculos até os nossos papas mais recentes. Ele ainda chegou a
decorar a Bíblia inteira de cor.
São
João Batista, que frequentemente, para os menos entendidos, pode ser confundido
com São João Evangelista (por ser o discípulo mais amado do Mestre, celebrado
no fim de Dezembro pela Igreja), é celebrado como o santo do batismo, como o
santo das festas juninas, e pouquíssimos sabem a real intenção do Pai Eterno em
nos mandar tal exemplo seis meses antes de seu primo, Jesus Cristo. Da Vinci
não pintou a “Virgem das Rochas” em vão, foi para mostrar a relação sempre
presente que teve João em anunciar o salvador, tanto que os meninos João e
Jesus estão um de frente ao outro, João ajoelhado e Cristo fazendo o sinal
tradicional do ícone do “Pantocrátor” abençoando o primo precursor.
A
pintura, que de uns tempos para cá perdeu o centro da beleza religiosa e passou
a ser alvo de especulações por causa da obra “O Código da Vinci” de Dan Brown,
nunca escondeu o real sentido do anúncio de João. Este foi abençoado por Deus
desde o ventre, assim como Sansão e Jó. Mas o que chama mais atenção hoje em
dia é a disparidade de sua festa, ora tratada como Junina (derivada da Quadrille francesa), ora Joanina
(celebrada em novenas - festa de padroeiro). Temos que decidir se vamos
continuar misturando sagrado e profano por toda a eternidade.
Já
São Pedro, em sua história tradicional, Cristo o elege como seu representante e
lhe entrega as chaves da Igreja (comumente entendidas como as chaves do portão
Reino do Céu) em Mt 16, 18. Foi crucificado de cabeça para baixo num gesto de
humildade para com o Mestre e influenciou junto com São Paulo a cabeça de mais
de meia Europa e Ásia para a doutrina cristã. Por acharem que o fim estava
próximo, não escreveram nada sobre Cristo até São João receber a visão do
Apocalipse. Mas para tanto, foi confiada por São Pedro a missão a ele de
organizar os textos aos seguidores das futuras gerações. Por isso que não tenho
medo de dizer que São Pedro foi um dos muitos responsáveis pelas Bíblias que
temos em casa hoje.
(1) Bacharelando do 7º Período de Ciências Sociais na UERN.