Era para ser uma celebração como qualquer outra,
mas terminou como um rito de passagem para uma maturidade cristã. Neste
domingo, 20 de maio, Domingo da Ascenção do Senhor, houve a Missa do Domingo da
Ascenção, mas junto a ela, houve também o rito de apresentação dos catecúmenos
de 2012 da Paróquia de Santa Luzia. Todos os sábados no centro Catequético Monsenhor
Humberto Bruening, a poucos metros da Catedral. Naquele ambiente posso dizer em
nome da turma que aprendemos muitíssimas coisas que não conhecíamos acerca do
mistério da Fé. De acordo com o casal de Catequistas como o qual, pela graça de
Deus, estamos caminhando, Anna Patrícia e Camilo, aprendemos primeiramente que
antes de ler qualquer fragmento da Bíblia, ou antes mesmo de nossas orações, é
preciso invocar o Divino Espírito Santo. Confesso que Este é meu padroeiro, mas
nunca tinha parado para pensar na possibilidade de invocar o “Consolador” para
minhas orações. Para completar, também aprendemos que sempre nos encontros, ao
contrário do que muita gente pensa ser só na missa, é preciso ficar de pé para
ler o Evangelho em comunidade. No Centro Catequético, descobrimos a força de
uma oração fervorosa, como a que encerra os encontros, pois a princípio das
explicações, precisamos organizar pouco a pouco as ideias novas que para muitos
de nós que não temos um estudo aprofundado da Bíblia, o que pode provocar
timidez em alguns de nós, mas após minutos de reflexão, entendemos e sentimos
cada vez mais vontade de aprender, porém esperamos pacientemente pela
continuação da caminhada no próximo sábado. Como prova do aprendizado, muitos
de nós já nos enturmamos um pouco na missa, mas isso é assunto para um pouco
mais adiante. No sábado dia 19, foi a preparação para o primeiro rito, com a
presença da catequista Gorete. Muitos dos que compareceram no sábado, não
apareceram no Domingo, e por este motivo, estão desclassificados do Catecumenato.
Estou começando a perceber o quão forte é a frase do Pe. Zeno Hastenteufel, que
dizia tudo no simples título de seu livro: “Crisma, a grande opção” (1978 –
Edições Paulinas). Ser amigo de Cristo é perigoso, mas compensa uma vida
inteira. No sábado, às dezessete horas, aprendemos mais sobre a Palavra de Deus,
e talvez a mensagem que mais tenha ficado não foram as leituras em si, embora
sejam mais importantes do que a própria aula, mas a mensagem que foi o divisor
de águas foi o pedido da catequista: “Releiam essa passagem em casa e o papel
com o roteiro do rito para decidirem com calma”. Muitos nem chegaram a entender
o porque da insistência, mas depois de ver que os mais empolgados apenas
estavam ali como eu, que há dois anos abandonei o primeiro catecumenato por
achar que estava enfrentando uma crise de religião e teatralizando minha fé
diante do Santíssimo em noites de domingo, a meu ver, erroneamente passadas.
Como de Agosto do ano passado para cá me senti chamado a ser parte da Igreja
novamente, decidi que levaria a sério esse negócio de catecumenato, só não
imaginei que arranjaria o melhor dos padrinhos e dos amigos nesta época da
minha vida, logo um consagrado (ou noviço, como ele mesmo me corrige). Quando
amanheceu o domingo, estávamos às oito da manhã na porta da Catedral, sentados
nos bancos, esperando nossa vez de dizer Sim a Cristo. Percebe-se que estamos
procurando alguém, mas a assembleia geral desconhecida quase não soube entender
a grandeza do rito para nós, catecúmenos. Percebi no sábado ainda que muitos
dos que estavam de cabeça baixa ou alegando um rosto sério, foram justamente os
que não compareceram. Pudemos perceber isso no pequeno ensaio (em cima da hora)
que foi feito sob supervisão do catequista Aristeu que atua como locutor da
Catedral. Senti orgulho por eles quando ouvi seus nomes ao microfone, era sinal
de que estavam se comprometendo para uma missão, pois o Batismo é o sacramento
do Pai, a adesão ao rebanho de Deus, a Eucaristia é o Sacramento do Filho; quando
a alma do Cristão entra em comunhão com o esposo da Igreja; e a Crisma é o
sacramento do Espírito Santo, aquele a quem todos à Igreja envia. Durante a
entrega dos crucifixos, olhei bem para cada um dos irmãos que o recebiam e
aderiam para uma caminhada longa e cheia de buracos, também cheia de atalhos,
mas que preferimos seguir pelo caminho reto, ele ainda está no meu pescoço e
acho que só o tirarei quando receber o sacramento, pois antes dele eu carregava
ao pescoço uma Cruz da Unidade, símbolo do movimento apostólico e mariano do
qual faço parte, o Terço dos Homens, sendo ela também associada à Consagração à
Nossa Senhora, o que de fato somos temos, só não passamos pelo rito, mas nos
consideramos entregues à Mãezinha. Quando entramos no corpo da assembleia da
missa, nos sentamos e acompanhamos a missa que demorou um pouquinho mais, mas
tudo o que é com e para Deus não cansa a ninguém. O salmo que foi cantado
apenas pelo coral era desconhecido de muitos, pois as canções de autoria do
pernambucano Pe. Reginaldo Veloso são cantadas mais na Quaresma, quando não há
uso de instrumentos, graças a Deus, eu tenho o LP original de 1979 que contém
esta música e sabia cantá-la, pena que acho que era só eu da turma que a cantava.
O ponto alto foi o momento da Paz de Cristo onde pudemos, literalmente, passear
pela catedral para oferecer o “Abraço da Paz de Cristo” a nossos irmãos e irmãs
do catecumenato, a nossos familiares, a nossos padrinhos (os que estavam lá), aos
nossos catequistas, ao Padre Walter e a muitos outros atrás de nós. Naquela
hora, conhecemos a estirpe do que é ser catecúmeno, anunciar onde estamos a
Paz, enquanto Deus, em suas três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo nos
preparam cada um segundo o seu nível do Sacramentário para anunciar a Sua Boa Nova.
Ao final, entramos na Sacristia e encerramos com um Graças a Deus coletivo, que
disse muito mais do que simplesmente Graças a Deus. Foi um prazer, imagino que
para todos este primeiro momento, para mim foi. Agradecendo a Deus por este
degrau que subo juntamente com todos eles. Agradeço também pela disposição dos
catequistas, tanto da quinta-feira quanto do sábado, e enfim, mesmo que meu
padrinho não tenha comparecido por estar servindo como acólito na sua paróquia,
sei que estava em sintonia com minha fé, como ele deve sempre estar depois do recebimento
do sacramento.
Este ano, encarei uma trinca que não esperava, pois
fui apresentado como catecúmeno no Domingo da Ascenção, no domingo seguinte,
como todos os anos, no Pentecostes, estarei no Santuário do Lima em Patu para a
Romaria Anual do Terço dos Homens e no domingo seguinte, se Deus quiser, dia 3,
será a festa da Santíssima Trindade, ocasião do meu aniversário, onde completo meus
20 anos de vida e espero serem os primeiros de amadurecimento da minha Fé.
22 de Maio de 2012,
dia de Santa Rita de Cássia
Pedro Augusto de Queiroz
Bacharelando do 5° Período de Ciências
Sociais da UERN
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