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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A LONGA JORNADA DO MODELO DE CRISTÃO

Ontem, dia 16 de Fevereiro de 2012 foi uma noite para ninguém se esquecer. Jovens armados de fé até os dentes e com coragem suficiente para enfrentar além de uma noite inteira de vigílias uma forte chuva que resistiram com a garra de jovens extremamente católicos. Para começar, a “Cruz dos Jovens” doada pelo saudoso Papa João Paulo II em 1984 a jovens de Roma que no ano seguinte iniciaram junto com ele a Jornada Mundial da Juventude, o movimento que percorre a cada dois ou três anos um país do mundo preparando o congresso definitivo em presença do papa. Segundamente acompanhado por sua “Mãe”, um ícone de Nossa Senhora também roda o globo em peregrinação desde 2003, também ofertado pelo Papa João Paulo II, desta vez já integrado ao movimento das Jornadas. Neste ano de 2012, a cruz e o ícone preparam o caminho para a próxima Jornada, no Rio de Janeiro em 2013. Estes símbolos representam a fé que Cristo quer ver nos jovens, pois assim com o Cirineu, carregam a Cruz de Cristo (Lc 23, 26), só que voluntariamente, o que reforça os laços com Deus; com o enfoque na mensagem do Papa João Paulo II, cujas palavras foram retransmitidas por Dom Mariano “A cruz deixa de ser um espetáculo triste de dor para ser um espetáculo de esperança” ¹. e o ícone de Nossa Senhora nos lembra a entrega de Cristo de Nossa Senhora a São João (Jo 19, 26). Com o adento do movimento “Bote Fé” em Natal-RN, por onde os símbolos começariam a circular no Brasil, com espetáculos e shows inclusive gravados, a juventude potiguar já pode se considerar privilegiada. Cruzando o estado, os símbolos chegaram a Mossoró e aqui, pode-se ter certeza, eles fizeram história. De 1983 quando foi talhada para cá, ela guarda ainda a mesma serenidade que o Papa João Paulo II costumava ser, o que se comprova em quem teve fé ao tocá-la pela primeira vez. Particularmente, o gesto de tocar a cruz me deu um momento de paz de espírito interior que eu nunca havia sentido antes. Na procissão, algumas poucas pessoas a princípio que foram se multiplicando a cada estação da Via-Sacra. Em um dado momento, está aí a parte da história que vale a pena ser contada: Num determinado momento da caminhada, não muito distante do início, caiu uma chuva pesada e difícil de se atravessar. Não sei se essa chuva diminuiu de volume ou se engrossou mais ainda, pois não estava presente neste pedaço do caminho, só sei que a coragem dominou seus corações e eles esqueceram o empecilho de seus corpos ainda secos e o peso de suas roupas já encharcadas e pesadas e caminharam debaixo de chuva protegendo os símbolos. Muita gente comentou e eu já ouvi na manhã desta sexta (17) que foi um ato impensado, e realmente o foi, mas acima de ato impensado, foi um exemplo a ser seguido, como diz Pe. Zezinho SCJ, “Parar nunca, tô me arrastando, mas tô indo!” ². A fé não se perde, não se modifica, não se destrói, simplesmente se multiplica e transforma quem dela faz uso. Como eu estava em aula da faculdade no momento da chuva, não pude ver com meus olhos, porém acredito nos relatos e testemunhos de quem esteve ao meu lado a partir da Igreja de São José, o grande amigo e irmão Allan Phablo que na segunda metade do ano passado (2011) foi o responsável por me revelar de volta a realidade que eu havia perdido sobre a Mãe Igreja, e agradeço muito a Deus por existir jovens como ele. Os símbolos percorreram normalmente, só que um pouco mais lentamente depois da chuva devido ao peso das roupas dos jovens que estavam encharcadas e agora pesavam o dobro. Mas isso não foi motivo nem para se abaterem, nem para desistirem, já haviam chegado até ali e não iriam desapontar a Cristo numa altura daquelas. Saíram peregrinando normalmente chamando a atenção de quem estava nas calçadas e atraindo cada vez mais jovens para o cortejo. Uma das maiores demonstrações de fé foi minha mãe que esperava na São José como tantas outras pessoas e escutando os fogos, deu a volta no contorno da Matriz em procura do Santuário da Mãe Rainha e ao chegar lá, a cruz e os jovens que a levavam na caminhada já dobravam a esquina para entrar na Rua Venceslau Braz, perpendicular à Campos Sales. Minha mãe correu tanto para alcançar a cruz que só parou quando voltou ao lugar de onde havia saído, a Praça da São José, onde conseguiu finalmente tocá-la. Alguns minutos com a narração da Estação da Morte de Cristo, uma pequena representação da cena foi organizada e ficou exposta até que as orações terminassem para darem continuidade à caminhada. Já integrado ao corpo do cortejo, caminhamos até a Central de Abastecimento de Mossoró, conhecida popularmente como “A Cobal” onde foi contemplada mais uma estação. Recomeçamos a caminhada seguindo para a “Avenida Dix-Sept Rosado” onde nos aguardava mais uma estação antes da última parada, a Catedral que em sua última estação trazia o Cristo Ressuscitado perfeitamente situado no parapeito da janela principal. Vale ressaltar que me enchi de orgulho ao ver durante essa travessia o Senhor Bispo Dom Mariano Manzana caminhando junto com os jovens à frente do movimento sem jamais desfalecer ou parar, nem para tirar fotografias, cujas pessoas tinham que tirar em movimento. Ao chegarmos à Catedral, toda a procissão enfim pareceu diminuir, é que a chuva estava voltando a cair fina, porém ainda dava para segurar. Enquanto o Bispo terminava a oração para encerrar a caminhada, fomos caminhando eu, Allan, minha mãe e meu padrasto para o Colégio, onde já nos aguardava uma parte da procissão que estava sendo “aquecida” pela banda da Comunidade Católica Shalom. Parte da estrutura da missa já estava pronta, inclusive o espaço para adoração ao Santíssimo, que seria utilizado após a missa durante toda a vigília num recanto tranquilo do ambiente. Ao chegarem Dom Mariano e os jovens na procissão, foi dado início à Celebração com canções que utilizavam ritmos diferentes para conquistar os jovens e de fato conseguiram. Jovens pulando e louvando a Deus não faltaram nas vistas de quem estava na quadra, aquilo é que era juventude. Na homilia, como já dito acima, Dom Mariano enfatizou a mensagem de João Paulo II em 1984 na entrega da cruz aos jovens. Contando sempre com amigos e conhecidos no recinto tive a grata surpresa de encontrar durante a caminhada Wanderley Segundo, que faz o mesmo curso de Ciências Sociais na UERN e que esta semana tive a experiência de ver uma reunião de um grupo de orações do qual ele faz parte, tive a grata satisfação de passar por eles quando rezavam uma Ave Maria da qual saí também recitando o resto da oração, uma velha conhecida de outras missas, Mariana Hellen que desde a época em que estude no Colégio que eu não via e Jefferson Luan (se não for assim, desculpe-me, mas faz muito tempo) da minha antiga turma de preparação de Crisma lá na Obra Nova que eu deixei quase na metade. Gostaria de salientar que também encontrei de novo Pe. Augusto Lívio (costumeiramente apontado por alguns fieis na Catedral como parecido comigo ou parente meu) antes da Adoração, e foi nesta parte em que eu retornei à minha casa. Allan ficou por lá até de manhãzinha, pois relatos hoje (17) à tarde indicam que foi dormir às 7h30 além de ter esperado a cruz e o ícone seguirem para Sobral no Ceará, que será a próxima parada deles neste sábado (18) e depois na terça-feira de carnaval na cidade de Limoeiro do Norte, também no Ceará. Pois é, eu nunca me senti tão vivo, embora do meu jeito introspectivo, porém com pensamentos elevados a Deus, espero sempre um próximo que seja tão abençoado como este e fui dormir com a bênção dos justos. Depois da missa, o show ficou por conta da cantora, consagrada Shalom, Suely Façanha. Antes do show, o Santíssimo foi transladado para o espaço preparado nas mãos do Bispo e sob a forte voz de um coro jovem com a música “Força e Vitória”, da cantora da Canção Nova, Eliana Ribeiro, que já é um sucesso entre os católicos. Faça se possível uma oração por esses jovens, pois eles têm nas mãos a maior das armas, que ao contrário das armas que matam, fazem viver e edificam uma pessoa, seja ela fervorosa como o Allan o uma pessoa meio-termo como eu que me senti pela primeira vez um cristão de verdade. Uma Boa Oração para você e uma boa Jornada em 2013 para os que se encontrarão com o Papa Bento XVI.

Pedro Augusto de Queiroz
Bacharelando do 4° Período de Ciências Sociais da UERN


Referências:

¹ Trecho da Homilia proferida por Dom Mariano Manzana na Missa da Cruz dos Jovens. Mossoró/RN, 17-02-2012.

² ZEZINHO SCJ, Pe. Quando a Tristeza Chegar. São Paulo, Paulinas-COMEP, 1995, Fita K7.

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