Cem anos se passaram e como que
num estalar de dedos, o Colégio Sagrado Coração de Maria ainda continua o mesmo
de sempre. Quando comecei a estudar lá em 1995, não imaginava o quão grande
seria a espera pelo centenário tão aguardado. Ainda alcançando o tempo das
grandes revoluções tecnológicas, como o laboratório de Informática ainda no
tempo que a pequena quadra para a piscina das turmas da pré-escola era aberto,
hoje lá se encontra outra sala de aula. Saudades desse tempo podem aparecer a
qualquer momento, porém me conservo ao dever de apenas falar do ambiente, pois
deixei muita pouca gente, incluindo alguns professores e as Irmãs, que poderiam
merecer a amizade que propunha naquele tempo. A semana de comemorações começou
com o Passeio Ciclístico no Domingo que atraiu ex-alunos, ciclistas da cidade e
até mesmo muitos ex-funcionários. Na segunda, um show com Pe. Nunes marcou a segunda
noite da semana comemorativa, interpretando grandes clássicos da música
católica e com direito a pronunciamento especial das Irmãs que vieram de tantos
cantos, incluindo Portugal. Na Quarta-Feira, foi montado um memorial expositivo
para os 100 anos onde alunos expunham a história que passou ao longo desses 100
anos de CSCM. Na Quinta-Feira, pela manhã bem cedinho, foi rezada uma missa
póstuma em homenagem aquela que além de passar deixando pegadas no Colégio como
diretora, deixou suas marcas na Diocese de Mossoró como quem implantou a
devoção à Nossa Senhora de Schoenstatt, popularmente conhecida como Mãe Rainha,
tendo sido ela a principal lutadora pelo sonho da capela “Casa da Mãe Rainha”,
instalada nas costas da Matriz de São José, que serve a tantos grupos do
movimento Terço dos Homens e em cujas instalações há um salão de reuniões batizado
com seu nome, estamos falando é claro da Irmã Letícia Rodrigues Duarte, a
inesquecível Irmã Maria da Conceição
Aparecida. A missa foi conduzida por
Pe. Ricardo Rubens do lado de fora do Cemitério São Sebastião, na Praça da
Saudade. A sexta-feira foi o ponto alto das comemorações, onde foi celebrada
por Dom Mariano Manzana e concelebrada por Pe. Augusto Lívio, Pe. Charles, Pe.
Crisanto Borges e uma boa parte do clero e seminaristas mossoroenses. Para
começar as pompas, entraram as bandeiras representativas em ordem cronológica na
hierarquia do colégio. Primeiro, entrou conduzida por uma aluna e duas
bailarinas, a Lucerna (lâmpada), símbolo presente no brasão da congregação,
depois, a bandeira de Portugal, berço da congregação CONFHIC conduzida por Ir.
Maria da Conceição (superiora da CONFHIC em Lisboa) e duas alunas da educação
infantil, trajadas como camponesas portuguesas. Seguindo a hierarquia, a
coordenadora Maria da Graça Medeiros entrou acompanhada de dois alunos da
educação primária trajados como escoteiros conduzindo a bandeira do Brasil.
Logo depois, Irmã Margarida (superiora da CONFHIC no Brasil) entrou conduzindo
a bandeira da CONFHIC, acompanhada de um casal de alunos trajados como os
fundadores da congregação, Pe. Raimundo Beirão e a Beata Madre Maria Clara do Menino
Jesus. Irmã Nerialba, a próxima da linha entrou com a bandeira do Rio Grande do
Norte acompanhada de um casal de alunos da educação primária trajados como
representantes do governo. Logo em seguida, a prefeita Maria de Fátima Rosado
entrou conduzindo a bandeira do município também acompanhada de um casal
trajado como governantes. Por último, a bandeira do centenário do Colégio
entrou conduzida por uma irmã que eu desconheço e por Irmã Zelândia. Por
último, duas alunas trajadas com os trajes usados pelas moças até 2007 nos
desfiles do 7 de setembro. Por último, uma irmã também nova para mim entrou com
o quadro da fundadora a Irmã Leocádia do Menino Jesus e após ela, um quadro
comemorativo nas mãos de um aluno. A missa começou ao som das palavras de
acolhida na voz de Irmã Nerialba Brasil, primeira leitura pelo Prof. Aldo
Firmino, salmo na voz da aluna Beatriz, e o Evangelho pelo Pe. Charles. O
momento que chamou a atenção foi a entrada da imagem centenária que foi trazida
de Portugal em 1912 e que até hoje está na Capela, a partir de um andaime
suspenso por trás do painel do altar. A missa continuou com muitas homenagens
durante e depois. Outro momento que me chamou a atenção pela coragem das
bailarinas foi quando elas entraram que a música de fundo, “Conquest of Paradise”
do maestro Vangelis, tocada a violino, falhou e a plateia olhou atenta a
bailarina não parar de dançar a continuarem aplaudindo sem parar, achei dela
muita coragem e sobretudo profissionalismo no que fez ao apresentar quando já no
altar a imagem nova do Coração de Maria. Após, foi feita uma homenagem a Irmã
Zelândia, a aluna Lívia cantou em sua homenagem, e pude ver Irmã Zelândia dando
de brincadeira um pequeno e animado “puxãozinho de orelha” em “Irmã Lucilene”
como se dissesse “Não precisava” em seu completo desejo de servir aos outros,
não atinava que todos estavam preparando para ela também a sua homenagem. O
microfone também chegou a falhar, mas Irmã Zelândia abraçou a menina
rapidamente ao som dos aplausos. Ao final, os pronunciamentos das autoridades e
entrega de comendas especiais. Tenho a honra de dizer que não fiz história
sozinho ali, minha mãe ganhou também uma comenda por seus 25 anos de serviço
como Secretária Geral do CSCM no jantar de confraternização realizado em buffet
após a missa, tendo se aposentado no ano passado. Antes de sair do colégio, fui
rever as irmãs que no meu tempo souberam fazer a diferença e me mostraram o
real sentido do catolicismo que carrego até hoje, Irmã Teresinha, antiga líder
do saudoso Grupo de Jovens e a primeira professora da disciplina de Relações Humanas;
e Irmã Gisélia, a antiga regente do coral. Com o tempo, Irmã Lucilene assumiu
ambas as tarefas no colégio não deixando a peteca cair. Fiquei orgulhoso em ver
a Irmã Livramento (que em 1986 foi quem proporcionou junto a Irmã Aparecida o primeiro
emprego da minha mãe, como Secretária Geral do CSCM), novamente usando o
hábito, pois havia passado por um tempo “desligada” da congregação, motivo pelo
qual ela aparecia regularmente aqui em casa usando roupas normais, porém
comedidas, típicas de Irmãs que requerem à Ecclesia autorização para não usar o
hábito comum. Alegria imensa em tirar uma foto com o homenageado por este Blog,
Dom Mariano e dar os parabéns a Irmã Zelândia. Confesso que senti falta daquela
que verdadeiramente me ensinou o que era ser católico, e da qual aprendi pela primeira
vez a ter respeito pela eucaristia, a grande Irmã Lourdes que se encontrava em
outra cidade, mas certamente bem representada pelas mais de 30 irmãs reunidas
nos lugares de honra da missa, muitas delas já passaram pelo colégio como
irmãs, ou mesmo como alunas, como Irmã Teresinha que passou pelo colégio na
década de 80 e foi encaminhada para a CONFHIC. As novas gerações deveriam
aprender com esses exemplos. Depois de tantas comemorações, só me resta dizer
um OBRIGADO, que por sinal é pouco diante do bem imenso e profundo que esse
prédio no centro da cidade proporcionou a minha vida e a de tantos ex-alunos
que por lá passaram. No final, fiquei emocionado ao escutar depois de tantos
anos novamente a música que deve estar morando no coração de cada um deles, e
música essa que cantarei para todo o sempre, então, vamos entoar felizes, “POR
DEUS E PELA PÁTRIA AVANTE, COLÉGIO CORAÇÃO DE MARIA, PREPARAI MOCIDADE VIBRANTE
PARA A LUTA QUE O BEM IRRADIA”.
Pedro
Augusto de Queiroz
Bacharelando
do 5° Período de Ciências Sociais da UERN
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